Urge fazer algo!

É no mínimo preocupante o ponto a que o país chegou. Em ano de eleições autárquicas verifica-se que, de um modo geral, os executivos camarários continuam a desrespeitar os respectivos PDM’s permitindo a construção de edifícios em zonas destinadas a outros fins.

Esta situação revela um claro ceder de posição face ao poderoso lobby da construção civil, arriscando-se o país a ficar transformado numa “selva de betão”. Isto é tanto mais preocupante no interior do país, onde vários presidentes de câmara têm vindo a conceder licenças de construção em terrenos outrora ocupados por pastagens.

Este ponto leva-nos ao cerne da questão. Com a diminuição de terrenos ocupados por pastagens o país vê-se privado da produção de queijo de qualidade, indispensável em qualquer Tosta Mista.Caso esta situação se mantenha, todo um equilíbrio macro-económico poderá vir a ser afectado, desde consumidores, produtores,trabalhadores e sectores de bens complementares.

No que diz respeito aos consumidores, uma diminuição das pastagens causará uma quebra na produção, o que por sua vez levará não só a um aumento de preços no produto final, neste caso a Tosta Mista, bem como se assistirá a uma diminuição da variedade, o que causará inevitavelmente um decréscimo no nível de utilidade. Esta quebra na oferta só poderá ser suprimida pelo recurso a queijo importado, que, para além de ser de menor qualidade, irá contribuir para um agravar do défice das contas externas.

Já os produtores do sector em causa sentirão um efeito difícil de quantificar, dado que, se por um lado existem produtores detentores das suas próprias pastagens, e que receberão chorudas indemnizações para venderem os seus terrenos, por outro lado os produtores de queijo que utilizam como pastagem terrenos baldios ficarão claramente prejudicados.

Os trabalhadores esses, mais uma vez deverão sair prejudicados, sendo de prever um aumento do desemprego. Será de esperar que este desemprego seja de longa duração uma vez que o mercado de trabalho da produção de queijos se encontra com um excesso de oferta, o que fará com que muitas vacas tenham de pedir reforma antecipada, estando ainda em idade activa. Este facto agravará sem dúvida o problema do défice público já que representa um aumento em despesas de subsídios e reformas.

Um outro factor que tem de ser levado em consideração é o efeito que esta política irresponsável causará no sector intimamente ligado ao queijo na confecção das Tostas Mistas, que é o sector do fiambre. Os responsáveis pelo sector fiambreiro já mostraram a sua preocupação ao governo, reclamando que uma diminuição da produção de queijo levará a uma diminuição do consumo de Tostas Mistas, e consequentemente de fiambre. Esta queda será mais sentida neste sector já que as preferências dos consumidores portugueses revelam que na composição de uma Tosta Mista gostam de combinar uma fatia de queijo com duas fatias de fiambre. Assim, por cada fatia de queijo que não se produza, duas fatias de fiambre acabarão por se estragar, e no futuro nem sequer se produzirão.


Torna-se assim indispensável repensar o rumo que a economia nacional está a tomar sob pena do país acentuar o seu atraso face à média da União Europeia, e mais grave que isso, deixe de ser possível poder comer Tostas Mistas.