domingo, janeiro 09, 2005

Pior que ser um labrego é não agir como um labrego

Pior que ser um labrego é não agir como um labrego

Existem muitos labregos nestas cidades do nosso país. Mas o verdadeiro labrego encontra-se normalmente situado nas regiões costeiras ou mais interiores. O labrego não gosta de meios-termos. Ou é pescador ou é agricultor-lavrador.

Contudo, o desenvolvimento do nosso país está a por em risco a saudável criação dos labregos. Com a consequente tercealização da nossa economia, o habitat do labrego português está em risco como nunca esteve até então.

Como tenho dito até agora, o desenvolvimento é megera, ruim. Antigamente, qualquer habitante do nosso país tinha um labrego na família, agora essa situação está mudar a olhos vistos. Antigamente, com um grande peso da agricultura na nossa economia, este era um sector imprescindível à livre reprodução do labrego em estado natural. Com a sua hortinha, com a tasca ao pé de casa, não havia outro paraíso labreguial na terra.

Mas a evolução e a ambição de sermos mais desenvolvidos, mais qualificados, mas educados, estragou a essência do povo português. A culpa é do governo de Portugal, que nem sempre tem a visão correcta na altura dos acontecimentos.
Desde que entramos na EU o futuro ficou arriscado, a média de labregos por família caiu consideravelmente. O estado, de modo a tentar manter a cultura portuguesa o menos danificada possível procedeu à concessão de subsídios, assim como existiu alguma ajuda europeia. Apesar dos visíveis esforços, a situação piorou ainda mais.

Com o ADL (ajuda ao desenvolvimento do labrego) da UE as condições de vida “melhoraram” e o labrego vê mudados os seus hábitos. Agora deixa de ter necessidade de cultivar a sua terra para consumo próprio, ou de pescar dia e noite. Com os subsídios, produz o estritamente necessário. Não vê o seu futuro comprometido e deixa de mandar os seus filhos (possíveis labregos no futuro) para o cultivo e aposta na sua educação. Portugal está a mudar, para pior. Nunca tanto a cultura de um povo foi posta em causa.

O país “evolui” e as estruturas sociais modificam-se. Agora já não há tantas tascas por metro quadrado. Agora há, os tão limpos e mete-nojo, Snack-Bar, onde já não se fomenta o convívio entre labregos e o ingerimento do sumo de uva, branco, tinto ou cheio. As crianças já não são alimentadas com as devidas proteínas ao pequeno-almoço.
Já não há as mercearias, agora há os hipermercados, minimercados, supermercados. Agora já é mais difícil comprar pouco coisa e de qualidade reconhecida entre os labregos.

Enfim, os labregos já não são labregos. Só as atitudes de labrego permanecem vivas. Podem-nos mudar por fora, mas por dentro somos o que sempre fomos.
Mudaram as vestes, sagorras. Dizem que a moda comanda a vida. Mas não assisti à evolução da moda sagorra. A moda evoluiu mas devia haver uma loja ou feira que vendesse para interessados.

Para além de tudo isto a estrutura da nossa sociedade mudou. Do interior e zonas piscatórias, o labrego vive agora em bairros citadinos. Os filhos dos labregos seniores, após deixarem de ir para o campo e começarem a estudar, deslocaram-se para a cidade em busca de “melhores” oportunidades. Contudo a alma labreguiense não se lava com as diferentes condições da vida.

Daqui a alguns séculos deixaremos de ter labregos, deixaremos de ser o que sempre fomos. Daqui a alguns séculos deixaremos de viver o que a vida de mais lindo alguma vez nos deu. A alma de ser um natural labrego português. Contudo, por ainda mais algumas gerações assistiremos ao espírito labrego, seja nas tascas dos bairros citadinos, ou nas tascas regionais. Seja em snack-bares ou em consumo de hipermercados.

O verdadeiro labrego ainda está ai para ajudar futuras gerações a compreender o que fomos nós em tempos.

Bronkx

2 comentários:

xp disse...

Um brilhante texto que nos leva para um problema muito sério!

Caberá a nós, 1Xis e 2H's, preservar os labregos nacionais. Para isso, já recrutámos alguns para a nossa comunidade.
Agora temos é de cuidar bem deles!

Anónimo disse...

ah pois e nc vi um texto tao bom e tao verdadeiro....avôzinho vê lá se fazes com k os labregos se preservem tá bem....não podes deixar morrer a essÊncia de ser labrego....
bjinhos***rita(tózé)

Visitas aqui ao cú mulo da parvoíce a partir de 11/09/2007 porque perdi o outro antigo

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