A rua desce. Desce e à medida que descemos parece que não tem fim. Numa curva apertada à direita está situada uma casa, uma bela casa. Pintada de transparente, pintada da cor invisível. Melhor ainda, pintada de estrada.
Por isso, quem desce, têm a tendência de ir em frente, de encontro à casa. A curva é tão apertada que só a vimos depois de estar mesmo lá.
Milhares de pessoas já foram contra a casa. Acontece de tudo. Braços partidos, narizes a sangrar. Não há nada de mais grave porque é proibido o trânsito automóvel.
“Proibido o trânsito automóvel, excepto carros transparentes ou invisíveis.
A casa não tem porta.
Melhor ainda, a casa não existe. Se existisse o senhorio já tinha pintado a casa de cor que não aquela.
Já avisado antecipadamente por Baltasar, amigo do meu avô, fui com alguma prudência. Vi a curva apertada, vi a continuação da estrada. Estiquei o braço mas não senti nada. Dei mais um passo e estiquei o braço. Nada!
Como acreditei numa história destas…
Continuei o meu caminho…
Fui tão ingénuo!
Porém, algo de estranho se passava. À medida que ia caminhando vi que não era acompanhado pelas outras pessoas.
Ouvia gritos e exclamações de espanto. As pessoas incrédulas não acreditavam no que lhes acontecia. Ficaram todas para trás, doridas.
Como era possível?
Sorri e continuei a minha vida.
Baltasar, Baltasar…
1 comentário:
Eu também já passei nessa estrada.
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