quarta-feira, janeiro 19, 2005

Allô, Allô

Quando se vêm bolas de mercúrio a cair do céu decerto que logo pensam que não é normal. Pois bem, não é normal.

Contudo, não vou falar desse extenso tema agora.

Certo dia deparei-me com uma situação algo embaraçosa. Ao viajar de comboio, desde uma certa zona da linha de Sintra até Sete-Rios reparo que não comprei o bilhete, ou o ticket, ou o título de viagem.
Estou habituado a viajar de passe, porém era dia 1 e esqueci-me completamente de o comprar, de tão banal que se tornou.
Lembrei-me que não detinha título de transporte ao ler os artigos que estavam exposto ao pé da porta de saída.
Ao ler a quantia 50€ entrei em pânico.

Pois bem.
Nunca antes tinha tido um encontro imediato com um sr. Pica àquela hora.
Dou conta de que estou branco e a suar.
Olho para todos os lados, e reparo que olham para mim. Não consigo disfarçar. Agora todos sabem que não tenho bilhete.
Olho pelos vidros da porta que separa as carruagens e vejo um Sr. Pica a verificar os tickets.
Continuo em pânico. Não me consigo mexer.
Faltam 2 minutos para chegar a Sete-Rios, e ele já está na minha carruagem. E agora que farei eu?

Na zona de entradas e saídas fico com uma mão agarrado ao varão e com a perna direita ligeiramente dobrada, em posição de iniciar uma fuga.
Reparo que ele pára e está a abrir a porta da paragem.
Em pânico, imagino que está a fazer bluff e não o perdoo, não me vou deixar apanhar.
Começo a correr em direcção a ele e em pleno voo faço-lhe uma placagem estilo Nova-Zelandia Vs Inglaterra.
Com o ombro direito atinjo o adversário no peito. Lentamente começa a levantar-se, mas não me deixo ficar.
Com as portas abertas, não vou sair.
Subo para cima dos bancos verdes e lá do cimo lanço-me em pleno voo, num golpe conhecido como o voo da águia branca.
Com o meu cotovelo atinjo-o no queixo.
Com uma mão por debaixo do joelho, e tentando que o Sr. Pica não levante as costas do chão aguardo um segundo.
E qual não é o meu espanto quando vejo a correr em minha direcção um passageiro, como se de um louco se tratasse.
Lança-se a escorregar de joelhos pelo grande corredor. Quando chega ao pé de nós grita com alto berros.
-“UM, DOIS… TRÊS”!

Pega na minha mão e ergue-a aos deuses. Sei que agora sou um vencedor.
Nos placares electrónicos passam a rolar, em letras bem vermelhas, as frases que nunca tinha visto.
“Avô Kimera – The new Champion”
“Avô Kimera 1 vs Sr. Pica 0”

1 comentário:

xp disse...

É verdade.

Nesse dia o Lx ficou sem gasolina e eu tive de ir de combóio.

Enquanto aguardava vi uma rapariga de bikini a anunciar o round 2.
Achei estranho, porque o Avô Kimera costuma resolver tudo no Round 1, e por isso fui ver o que se estava a passar.

O Pica era o melhor do país. Digo era, porque o Avô Kimera pô-lo no seu devido lugar!

Visitas aqui ao cú mulo da parvoíce a partir de 11/09/2007 porque perdi o outro antigo

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