Dispararam o primeiro tiro. Estou vivo ainda. Abro os olhos mas vejo que as armas continuam apontadas. Ao meu lado a starglix morreu. Como é possível fazerem-nos o que nos fazem. Humilharem-nos desta maneira. Somos pessoas, não somos animais.
Lado a lado, como viemos ao mundo estamos todos um pouco abasurdidos ainda. Alinhados, com braços e pernas atados. Sujos de lama e respingados do sangue da nossa amiga.
À nossa frente não sabemos que está. Não sabemos quem nos aponta a arma que carrega a senhora do destino. “Maricas” – grito eu. Mas eles não ouvem, ainda bem. Foi um grito mudo que só eu pensei.
Que acto mais cobarde, nem sequer têm a coragem de mostrar a cara. São três. Vestidos todos de monges, cada um com uma máscara. Da esquerda para a direita está o Salazar, o papa e o Casimiro. Quem é o Casimiro? Não sei, mas está escrito no peito.
Apontar…
Fogo…
Não acredito. Mas que é isto? Como nos metemos nisto? Não quero acreditar, como é possível isto acontecer. Como vim cá parar…
Ao meu lado, cai quase inanimado o C. Monster. Não morre logo. A bala atinge-lhe o pescoço. Fica um pouco a tossir e a vomitar sangue. Não me consigo mexer. Sinto-me tão inútil neste momento. Não resiste, acaba por morrer afogado na sua própria seiva.
Com uma cara de espanto e de absurdo não consigo acreditar no que se está a passar. Começo a chorar. Passado um pouco de tempo todos estamos a chorar. O admetz começa a berrar, mas digo-lhe que não é caso para tanto. Ele recompõe-se e começa a chora mais calmamente.
Ao nosso lado esquerdo estão 6 valas, 6 buracos que já têm dois moradores. Faltam 4. Somos 10, agora.
Fogo…
Quem será o próximo?
Não quero morrer, não quero ser eu.
Deitado na lama, com terra a escorrer-me para os olhos apenas vejo vultos. O tiro acertou-me nos pulmões. Estou fraco e vou morrer. Contudo ainda assisto ao que nunca julguei assistir.
Vejo as 3 pessoas que apontam as mortíferas armas caírem inanimadas. Vejo-as cair em poças do seu sangue.
Kemederasaberler surge por detrás dos vultos enquanto estes caem.
Feliz por saber que vão viver, XP grita: Tira-lhes as máscaras.
Não aguento mais, cuspo pelo canto da boca e fecho os olhos:
“obrigado por tudo…”
1 comentário:
Ai a morte...
Que temática recorrente...
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