sábado, dezembro 11, 2004

A realidade é bonita mas doí

Podem-se beijar, disse o senhor padre.
E eles, na ânsia de juntarem os lábios, incentivados pela multidão que não se cansava de bater palmas, abraçaram-se. Ele respirou fundo, fechou os olhos e colocou os seus lábios, docemente na testa da sua amada. Sentiram que algo de novo se apoderara do casal. Um arrepio, uma vontade de viver, subiu vertiginosamente dos pés à ponta dos cabelos. Brilhavam tantos os seus olhos. Brilhavam tanto que foram precisos meros segundos até se formar a primeira lágrima. Após essa, abriu-se um carreiro que logo se fechou. Só passou uma ou duas de cada lado. Abraçaram-se e riram-se.

… pois, a parte pior vem depois.
Ela ficou de caganeira. Estavam tão envergonhados que não sabiam o que fazer. Ela, com as flores, tapava o rabiosque. Ele ia atrás dela, juntinhos, ninguém desconfiou.
Ele, que tinha comido o mesmo, da mesma maneira se sentiu. A má sensação percorreu-lhe as pernas e os sapatos mudaram de cor. O vestido branco nunca mais será puro, o fato preto é o ideal para tal ocasião. Não conseguiram disfarçar a situação. Passados minutos e após um primeiro, mas contido, riso, a multidão que outrora batia palmas ria-se como se o mundo acabasse dali a cinco minutos. Ela vermelha, ele amarelo, correram por entre a multidão. Só pensavam em sair dali. Mas o motorista, padrinho do noivo, não queria sujar o carro nem por nada. Foi ele que o alugou. Fugiu antes de eles chegarem.
Sozinhos na aldeia, observados e gozados por todos, pensaram no impensável.

… e saíram e levaram com o arroz nas trombas. Dei-lhe com cada uma. Se tivesse minas anti-tanque era o ideal. Como é que ela me trocou por aquele urso?!

1 comentário:

xp disse...

Não percebo porque é que os teus textos, ás vezes, tenham de descambar a meio...

Visitas aqui ao cú mulo da parvoíce a partir de 11/09/2007 porque perdi o outro antigo

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