domingo, dezembro 12, 2004

Troca de Prendas

Bom Dia.

Por esta altura surgem sempre pessoas que, de modo a comemorar o nascimento de um Gajo qualquer há mais de 2000 anos, vêm com a ideia de trocar prendas. Isto começa desde muito cedo. Lembro-me das trocas de prendas feitas na escola primária em que ficava sempre muito contente. Sempre, até àquele fatídico dia...

As trocas de prendas organizadas na minha escola funcionavam assim. No último dia de aulas todos levávamos uma prenda, e colocávamo-la em cima da mesa do professor. Depois, o professor escrevia o nosso nome em pequenos papelinhos, que eram colocados dentro de um saco, e escrevia também o nosso nome no quadro. O processo era simples. O professor tirava o primeiro papel, e dizia o nome do afortunado. Seguidamente, essa pessoa bafejada pela sorte, levantava-se, apagava o seu nome do quadro, escolhia uma das prendas colocadas em cima da mesa, e retirava um novo papelinho do saco. E assim sucessivamente até se acabarem os papelinhos, e as prendas... Claro está que os primeiros a serem sorteados tinham uma maior panóplia de prendas à escolha.

Os três primeiros anos correram relativamente bem para mim. Fui sempre sorteado no início, o que me permitia fazer alguma selecção e escolher o embrulho que me parecia melhor. Mas na 4ª classe...

Era um típico dia de Inverno, apesar de ainda estarmos no Outono. Estava frio, e chovia, trovejava mesmo. Como sempre entrava ás 8h. Nesse dia, e com a excitação do último dia de aulas( e da troca de prendas...), cheguei pontualmente às 8h15m! Não havia problema, pois a troca só seria feita depois do intervalo da manhã. Sentei-me no meu lugar de sempre, com os joelhos a bater no tampo da mesa destinado a guardar a mochila( já na altura vivíamos em Ditadura...). A prenda essa, coloquei-a orgulhosamente em cima da mesa! Sabia que era algo que todos gostariam de ter... era um Lego!!! Bem giro por sinal. O que eu não dava por ter ficado com aquele Lego...

Após o intervalo, em que ficámos retidos no interior da sala devido à trovoada, começou o sorteio. E a ansiedade também. Por esta altura corriam rumores de que havia um colega que tinha comprado um Playmobil para o sorteio... Só não se sabia quem, nem como estava embrulhado. O primeiro a ser sorteado retira o maior embrulho da mesa, e ganhou uma bola. Vai depois retirar o papelinho, e seguidamente a sorteada vai a um embrulho com um laço muito bonito. Saiu-lhe uma boneca. Felizarda... Aposto que as minhas colegas se roeram de inveja...
E o sorteio prosseguiu neste ritmo...
Cada vez que via que o meu nome não era retirado, a desilusão aumentava em mim. Se calhar, o professor tinha-se esquecido de escrever o meu nome, pensava eu na minha ingenuidade... Mas não, o que se estava a passar era que o azar me estava a perseguir. Isso, ou então todos os meus colegas, e o meu professor, tinham concordado que eu deveria ser o último a ser sorteado.
A desilusão estava cada vez mais presente. Via todos os meus colegas a rirem, a brincar com as novas prendas, e eu? Eu, nada!

Subitamente, reparo que a prenda que tinha comprado ainda não tinha sido escolhida. Talvez conseguisse ficar com aquela prenda! Era um Lego!... Mas nesse preciso momento, quando vejo que não tinha sido sorteado uma vez mais, baixo a cabeça, e quando a levanto, já lá não estava a minha prenda.
O sorteio aproximava-se do fim. Já só faltavam dois nomes. O meu, e o de um colega meu. Também já só restavam duas prendas. Sai o meu nome e escolho uma. Nesse momento, e antes de abrir a prenda, o otário do meu colega diz que a prenda que sobrara era a que aquele panasca tinha trazido, e como tal isso violaria uma das regras sagradas deste tipo do sorteios, que é a 3ª, alínea d), se não estou enganado:
“Os participantes estão proibidos de ficarem com as prendas que compraram, sob pena de o Pai Natal ficar aborrecido.”

Então tivemos de trocar de prendas. Por mim era igual. Ele abriu primeiro a prenda, e qual não é o espanto da sala inteira, quando lhe saiu o Playmobil!
Por essa altura, também já tinha a minha prenda desembrulhada. Eram duas figuras de porcelana, com um ar meio apanascado. Fiquei de rastos! Só pensei em atirar aqueles bonecos de porcelana ao cornos daquele paneleiro filho de uma ganda....
Como vêm, ainda hoje fico descontrolado quando conto esta história. Os bonecos ainda perduram, e ainda estão no móvel da sala dado que a minha mãe gostou muito deles. Ainda hoje, quando passo por eles fico com cá com uma vontade!

Nunca mais participei numa festa semelhante, até este ano...
Por isso é com algum receio que irei participar nesta troca 1Xis e 2H’s.
O facto de ter o selo 1Xis e 2H’s dá-me alguma confiança, mas nunca se sabe...

Por hoje fico por aqui, sendo certo que voltarei... (não sei é quantas mais vezes...)

Atenciosamente,
Com 1Xis e 2H’s

1 comentário:

Luís disse...

Gostei do texto, mas parece que estás a elevar demasiado a fasquia para um membro humilde do clã!
medo, muito medo..

por isso é que és infeliz?

Visitas aqui ao cú mulo da parvoíce a partir de 11/09/2007 porque perdi o outro antigo

Contribuidores

Arquivo Morto 1xis2hs