Lembram-se do Juvenal? (5)

Olá. Da última vez que falámos pareceu-me que tinha ficado no ar a ideia de que tinha tido um caso com o Serguei. O que se passou na realidade foi que eu simulei um caso com o Serguei só para testar a paciência da minha família. Tinha de ser. Sempre fui muito mimado. Quando queria um brinquedo, davam-me dois. Quando destrui o carro, contrataram-me um motorista. Enfim, nunca passei por privações.
No outro dia estava na lavandaria e recebi um fax. Era do Avô Kimera. Não sei como ele arranjou este número, mas o que é certo é que recebi um fax dele.
Dizia assim:
“Está escuro aqui debaixo.
O professor está a falar e agora não posso sair.
Tomo uma decisão, só saio quando mais ninguém cá estiver.
Sim, estou debaixo do balcão do A120.
Não vale ir lá espreitar porque só lá estou quando me sinto deprimido.
Há pessoal que vai à praia ou à falésia, eu vou para debaixo do balcão.
Grande e maciço, dá-me uma grande sensação de segurança.
Na minha casa não gosto de estar, os meus pais são 2 homossexuais. Não percebo porque me adoptaram. Sou contra os homossexuais, sou nazi. Mas adoptaram-me aos 22 anos. Agora também sou gay. Sou um nazi gay.
Debaixo do balcão vejo que já saíram todos, vou espreitar.
Saio do meu 2º lar, com vestimentas de cetim. Vou iniciar o espectáculo.
Passados 10 minutos a sala enche-se com os seguranças gay aqui da faculdade.
Salto para cima do balcão e com a minha «uzi» mato-os todos.

«A natureza de um indivíduo nunca desaparece, tal como os animais selvagens»

Avô Kimera”

Não sei o que é que isto quer dizer, mas também não me preocupo. Afinal de contas, para quê perder tempo a pensar nisto quando acaba de entrar na lavandaria o meu pai.

Adeus e até um dia,
Professor Juvenal.