quarta-feira, dezembro 22, 2004

Boas noites caros leitores. No momento em que procederem à leitura deste Post entrarão numa viagem de alguns minutos que, concerteza, irão gostar.

É o meu texto de despedida. O Vôvô vai de férias.

Por isso boas férias. dia 28 cá estarei outra vez.

Aqui vai...

"Sou um burro. um burro que vive no campo. em redor da minha "pessoa" só há verde e azul. e também preto e vermelho e amarelo. bem, há muitas cores. como em todo o lado. o certo é que sou um burro que vive no campo e o que gosto mais de fazer é andar a arrastar com ele no chão e comer ervas fresquinha e verdes.

Certo dia fui até à cidade, a pé (não consegui taxi). mas não gostei muito.

primeiro, aquilo tem o chão duro e não consigo arrastá-lo bem pelo chão. segundo, tem muitas coisas a andar de um lado para o outro. não gostei. tem muitas pessoas. e cores?! milhentas. neon, "fluorescente". nunca havera visto.

Regressei depressa ao campo. à minha casa. às cores naturais.

no meio do campo verde, contra o sol, como uma sombra viva encontro um homem. mas não é um homem normal.

este homem fala. isto é, consegue falar comigo.

ao lado dele está um buraco. ele, cheio de terra e com fato de gala um pouco rasgado assusta-se comigo. não dou parte fraca.

"sabes burro? as pessoas são más. mas eu consegui fugir. sim, consegui. enterraram-me vivo mas não me conseguirão calar. tenho a verdade comigo e ninguém me cala"

Achei estranho e fui-me embora.

Mais à frente encontro outro homem. já velho, desgastado com a vida.

"sabes burro? fartei-me de viver e de ser o que sou. agora deixei de ser o que era e sou o que nunca fui. não significo nada para alguém"

Não respondi.

mais à frente encontro uma mulher com um corvo de bico amarelo no ombro que me diz:

"não tenho nenhuma pintura no ombro. sei que me confundiste. não sou nem serei nunca de niguém. sou o que quiseres, sou o limite de uma relação"

quando cheguei a casa pensei.

porque é que a morte saí da terra, o amor caminha para a morte e a paixão se desvanece?!

Sou um burro que vive no campo mas deixem que vos diga:

- a morte nunca pode morrer e se morrer quase nunca renasce
- o amor não envelhece, amadurece. não acaba, amadurece. não morre, amadurece
- a paixão tem várias caras. a paixão todos os dias tem uma cara. mas nunca será nossa. é um limite


Para todos os meus amigos:

Luis Miguel Teixeira


2 comentários:

xp disse...

Mas porquê? Porque razão é que não oferecem ao Avô Kimera um portátil com wireless?

xp disse...

Mas porquê? Porque razão é que não oferecem ao Avô Kimera um portátil com wireless?

Visitas aqui ao cú mulo da parvoíce a partir de 11/09/2007 porque perdi o outro antigo

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