terça-feira, novembro 16, 2004

Quando os sonhos acabam

Quando os sonhos acabam surge a anti-paixão de todos nós. A aflição.
Quando só vivemos de sonhos a vida passa-nos ao lado e mesmo que estiquemos o braço não lhe conseguimos tocar.
Neste momento sei que se esticar o braço a única coisa que vou sentir são dores. Sei que só estou bem encolhido, todo encolhido.
O nosso caminho é feito de opções. Se vamos com rumo certo apenas algo mais importante nos fará mudar de direcção. Se vamos sem destino, guiados pela paixão e fúteis prazeres, viramos em algo insignificante, porque algo insignificante significa mais que o nosso rumo.
Bem sei que as dores estão a vir. Eu sei. Conheço bem este processo.
A minha vida acabou à muitos anos. Como todos, não fugindo nem querendo ser uma excepção, decidi mudar de rumo. Decidi mudar de rumo tarde demais. Hoje bem que me esforço para esticar os braços, mas nem a visão consegue alcançar o que os braços sentem. Sentem dor, a dor que não dói. É realmente fogo que arde sem se ver. Sim, já foi a minha paixão, tentação, mas nunca foi um verdadeiro amor. O que sentem os braços já sentiram os pés, pernas, peito, costas, pescoço. Os braços são sempre os últimos a ser preferidos, pois só assim continuamos a viver num sonho.
O que sinto hoje é a aflição, angústia. Angústia de me sentir rejeitado e saber que fiz tudo para o merecer. Aflição de nunca saber quando morrerei e sonhar com isso todos os dias.
Sei que chega a hora. Estou pronto.
Posso morrer de ressaca mas nunca mais me vou injectar.

Avô kimera

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