o que vos trago hoje é uma reprodução, o mais fiel que a minha memória o permite, de uma estória que o meu pai conta desde a minha meninice até aos dias de hoje e que está ligada a grandes momentos de final de noite, quer iluminados pelas luzes dancantes da lareira, quer pelo quente vento do norte de áfrica nas noites do Portugal algarvio.
A estória reza assim:
Era meia noite em ponto, menos um minuto,
o Sol brilhava no horizonte;
estava um homem nu, com uma faca no bolso;
sentado num banco de pau, feito de pedra;
a ler um jornal sem letras, à luz do candeeiro apagado;
leu numa notícia que o pai era morto, a mãe acabada de nascer;
coitado do homem, o que havia de fazer,
meteu as pernas às costas e desatou a correr;
lá mais adiante encontrou um pessegueiro carregadinho de maçãs,
subiu-lhe pra cima e colheu avelãs;
chegou o dono dos marmelos,
atirou-lhe com um troço de couve à testa e partiu-lhe os joelhos
caso alguém se esteja a perguntar- o que é um troço de couve?- devo confessar que não sei, porque nunca me atrevi a interromper os longos momentos de reflexão que se seguiam a esta declamação.
espero que gostem da estória, que eu nunca tinha partilhado com ninguém (pelo menos sóbrio).
3 comentários:
Mintsai: muito bem analisado. devias ir para as noites da tvi analisar o governo assim!
Eu sei o que é um troço de couve, depois explico.
E eu é que sou maluco...
Confesso que desconhecia tal relikia.. Little su, a mim cantavam o "come a papa SARA come a papa" repetidas vezes.. portt.. eu axo k preferia ouvir este tesouro! :)
Não conhecia o documento de sabedoria popular, e agora percebo porque razão a minha infância não foi grande coisa!
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