Eternamente Xutos

Hoje ocorre-me um tema sério (pelo menos espero que a minha mente maléfica me deixe conduzir o texto por ai) do qual eu nunca poderia deixar de falar. É verdade que tenho alguma dificuldade de falar sobre ele até pela grandeza que transporta. A verdade é que em ano de comemorações não poderia deixar falar da melhor banda do mundo…os xutos, os 4 magníficos (não, não é erro… para mim os xutos são o Kalu, o Tim, o Zé Pedro e o Cabeleira). Sei que me vão apontar várias críticas e eu reconheço que não sou um fan de xutos dos melhores que existe em Portugal (nem nada comparado) mas a verdade é que se me pedissem para escolher uma banda, que seria a unica que poderia ouvir até ao final dos meus dias, escolhia sem a mínima hesitação a banda dos lenços vermelhos e dos braços cruzados ao alto.

Foram muitas vezes criticados, ignorados e outras tantas adorados mas a verdade é que «quer eu queira quer não queira nesta cidade» nunca houve outra banda como aquela que nasceu em 1978 e que cresceu no rock rendez vous.

«Juntos fomos crescendo lado a lado», ou será que existe alguém neste nosso país que não cresceu a ouvir xutos?! Eu cresci (não muito) a cantar a casinha, a sonhar com musicas como «o homem do leme», a revoltar-me e a dizer que tudo seria «à minha maneira» com o «barcos gregos», a aprender a amar com o «circo de feras» numa «manhã submersa», …. Por tudo isto acho que devo um grande obrigado aos xutos!

Mas a magia dos xutos não está no que representam para um de nós mas no facto do que representam para todos nós. O meu pai bate o pé em muitas das músicas e sabe algumas letras e muitos putos de 10 anos (sim…porque eu já sou um homem) cantam a plenos pulmões musicas que nem eu conheço. Esta magia, este juntar de gerações, que um conjunto de canções musicalmente simples (e o simples por vezes é tão bom…) e com letras tão curtas e directas produz é um património de que todos nos devemos orgulhar e que me leva a dizer…quais nirvana, quais pearl jam, quais beatles…para mim os xutos e pontapés são melhores que todos esses pelo o que representam, pelo o espírito que transmitem, pela atitude que lhes está inerente e pela força que continuam a demonstrar em cada actuação levando o publico para um outro universo sem recurso a adereços, a pianos mágicos, a alinhamentos ultra definidos em que está programado um estúpido «óbrigádo», a grande produções, nem a nada (desculpem-me a expressão) dessas merdas.

«Finalmente vais ver o que é que iria ser, o que é que eu iria ter N'América». Pois é, é triste mas muitas vezes os xutos continuam a ser tratados como um banda secundária, uma banda do nosso pais que tenta ir fazendo qualquer coisinha, uma banda de quem fica bem dizer mal (mostra uma pseudo cultura musical), uma banda de quem se fala quando lança um disco, uma banda que mereçe uma nota na imprensa portuguesa de ano a ano enquanto a madona enche paginas… mas a realidade é que uma banda «de segunda linha» que não estava perante fans chegou ao rock in rio, e agarrou uma horita que lhe deram durante a tarde e formou uma nuvem de pó no ar e um alegria em cada olhar presente que poucas vezes se repetiu no «maior evento de música do mundo»!

O texto pode não estar nada de especial, pode não interessar a muitos, pode fugir ao que eu costumo fazer mas tinha de o fazer.
Mais uma vez…obrigado… e continuem a tocar que nós estaremos sempre lá… «porque eu não me rendo…porque eu não me vendo…nem por ideais…nem por dinheiro»