Vendedor de Castanhas

Quase todos os anos há vendedores de castanhas que se suicidam.

É uma profissão cheia de stresse e tensão, e muitos sucumbem.

O Vendedor de castanhas está sempre em constante sobressalto, nunca sabendo se o dia vai acabar bem e poderá voltar para junto da sua família no final do dia.

Na Escola Superior para Vendedores de Castanhas, uma das principais lacunas na formação dos futuros vendedores de castanhas é precisamente a falta de formação para lidar com as vicissitudes da função.

O vendedor de castanhas trabalha no seu ramo cerca de 6 meses por ano, normalmente entre Outubro e Abril.

Ao contrário do que se possa pensar, o vendedor de castanhas não trabalha apenas nestes 6 meses porque nos restantes não há castanhas, mas sim porque é desaconselhável trabalhar mais tempo.

Mesmo os vendedores mais arrojados, os que trabalham durante este período completo, correm um risco enorme.

Vários factores contribuem para o stresse da profissão.

Podemos considerar uma profissão com dois extremos muito distintos em termos de desgaste psicológico.

Por um lado temos o momento em que se dá o golpe na castanha, momento mais calmo, todavia muitíssimo importante para o desenrolar do resto.
Depois temos o momento da venda de castanhas.
Neste momento, tudo pode desmoronar.

O vendedor tem de estar preparado para preparar o cartucho onde irá colocar as castanhas, colocá-las dentro do mesmo, tendo sempre em atenção que, uma castanha a menos pode provocar a revolta do cliente e precipitar o fim, e posteriormente entregar esse cartucho com uma mão, ao mesmo tempo que com a outra recebe o dinheiro, sem sujar as mãos do cliente. Para os casos mais bicudos, tem ainda de dar troco ao cliente.

Este ritmo poderá ser frenético, tendo o vendedor de castanhas por vezes de atender vários clientes ao mesmo tempo, sendo que, para complicar, há clientes que pedem “Meia-dúzia de castanhas”, outros pedem “Uma dúzia de castanhas”, outros ainda “Duas dúzias de castanhas”, e existem ainda os que, ousadamente dizem, “Tem horas que me diga?”.

Não é fácil esta vida… Imaginem quantos entre nós aguentariam 1 dia com este ritmo? Arrisco-me a dizer que muito poucos, para não dizer nenhum…