-Tu não és capaz!, foi esta a frase que me disseste quando te disse o que queria fazer. Logo tu... Eras a única pessoa que acreditava em mim, pensava eu. A opinião dos outros era-me indiferente. A tua não. Depois de me teres dito que não era capaz fui falar com os outros, à procura de incentivo. Todos me disseram o mesmo:
- Tu não és capaz.
Desta vez estas opiniões não produziram qualquer efeito em mim. Estava decidido a saltar. Fui falar novamente contigo. Uma vez mais começaste por dizer:
- Tu não és capaz!, perguntei-te porquê. Disseste-me que me conhecias bem, e por isso não seria capaz. Podia preparar tudo, mas no último momento iria recuar.
Essas tuas palavras tiveram um efeito devastador sobre mim. Durante vários dias não dormi, e só pensava se seria ou não capaz.
Quando pensei pela primeira vez em saltar, acreditei que me irias apoiar. Pensei que seria capaz se o fizesse de mão dada contigo. Tinha a certeza que ganharia toda a coragem do mundo, que venceria todos os meu medos, que esqueceria as vertigens... Bastava uma palavra tua para ultrapassar todos os meus receios. Mas tu foste implacável e destruiste logo todas as minhas esperanças.
Decidi avançar, mesmo sem ti. O caminho foi muito mais penoso, não o nego. Quando chegou a altura de saltar, passou-se tudo pela minha cabeça. Que não seria capaz, que o pára-quedas não abriria, que isto seria uma estupidez, que falta que me fazes... Que falta que me fazes! Não pensei em mais nada... Os meus pensamentos pararam aqui, e por mais que me esforçasse, só pensava nisso.
Que falta que me fazes!
Senti-me bloqueado, e a partir daí limitei-me a fazer o que os outros faziam. Chegou a minha vez, e saltei!
Consegui. Mas não foi esse o meu primeiro pensamento. Pensei antes que não me conhecias assim tão bem...
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