quinta-feira, fevereiro 17, 2005

História

Vocês pensam que o que por aqui se diz é inventado. Têm razão, mas algumas das histórias que vos conto são coisas que me aconteceram simplesmente. “Ah é inventado, mentiroso…”

- Mas o que é que eu fiz?!! O qué que eu fiz?!!– Vô Kimera

Por isso, recostem-se nos vossos sofás, cadeiras ou poltronas, bancos ou pinos invertidos. Imprimam o texto e preparem-se para um história que vos fará imaginar qualquer coisa. Nem que seja do tipo: “porque é que perdi 5 minutos?!”

À muito, muito tempo atrás, existia uma homem que se costumava atravessar no meu caminho. Tipo, era uma calçada onde passavam bastante bem 3 pessoas lado a lado. Mas sempre que eu passava, o homem atravessava-se no meu caminho. Era estranho.
Passava lá todos os dias para ir até à escola e sempre me cruzei com dezenas de pessoas. Mas cada dia era um dia. (óbvio, mas fica bem)
Aleatoriamente, o homem aparecia. Mas aparecia de propósito para se por à minha frente. Tentem perceber, pois é para vós que conto esta bela história.
O percurso tinha aproximadamente 500 metros.
Nos dias em que ele decidia aparecer, a ida à escola estava posta de lado.
Mal eu começava a caminhar, sentia uma imagem a formar-se no fundo da estrada. Após 30 segundos estava completamente nítida. 1.83 Metros e, por vezes com barba. Olhava para mim quando eu olhava para ele e desviava o olhar quando eu desviava o olhar.
Iniciava-se a partir de então um duelo. Sabia que mais metro menos metro eu ia encontrá-lo e teria que o enfrentar.
No início tive medo, mas após vários anos tive que aprender a lidar com a situação.
Chegava ao pé do homem e parávamos. Olhávamo-nos nos olhos e sentíamos um mútuo respeito. Primeiro tentava passar pela esquerda, depois pela direita. Tentava saltar por cima ou passar de gatas. Mas ele fazia exactamente o que tinha de fazer para impedir a minha passagem. Depois começavam os encontrões, os murros, os palavrões. Irritado gritava bem alto e pedia ajuda. Só que naquele instante ninguém parava. Olhavam para mim com ar de espanto e alguns com pudor.
Resignado voltava para trás. Cansado, o homem voltava-me as costas e caminhava para de onde viera, desfocando-se ao longo do caminho.

Hoje percebo o que me acontecia. Mas temo que alguns de vós não acreditem e desconfiem e me atirem bolas de naftalina nos corredores da feunl. Porque da outra vez que referi aquela de correr nu pelos prados verdejantes, passei uma semana chata.

No entanto passo a explicar. Eu tinha 12 anos. A estrada tinha 250 metros. No fim tinha um espelho bastante resistente. O homem que aparecia reflectido era eu como sou agora…

1 comentário:

Miriam Luz disse...

Este post está cheio de pistas.
1,83m. Barba (umas vezes sim, outras não). Leve cheiro a naftalina.
Amanhã não me escapas. =p

Visitas aqui ao cú mulo da parvoíce a partir de 11/09/2007 porque perdi o outro antigo

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