Na madrugada envelhecida pelas horas já longas vejo um homem envelhecido pelos dias já vividos. No homem que vagueia descontraído pela rua a que chama rua, vejo a cara de quem vê tudo o que o rodeia. Olhar discreto mas preciso, simpático mas superior.
Na madrugada da noite vejo o homem que procurava. Não tenho coragem para o inquirir, não tenho força para reagir. Apenas mexo os olhos e faço com eles o que pretendia dizer.
Ele passa mesmo à minha frente, não me mexo. Observo-o a ele e ele a mim também.
Na madrugada envelhecida pelas horas vejo passar o homem que admiro.
Já passou, perdi a minha oportunidade.
Amanha é outro dia e eu cá estarei outra vez. Amanha é outro dia, o duzentos e cinquenta e quatro desde que comecei e cá estarei outra vez.
Tenho esperança de que um dia me possa mexer ao vê-lo passar… sei que hei-de conseguir!
Avô Kimera
Sem comentários:
Enviar um comentário