Pastilha Gorila

Pastilha Gorila

Não me contive.
Hoje, ao passar na caixa de um minimercado, não me contive e tive de comprar duas pastilhas elásticas “Gorila”.
Foram as pastilhas gorila que fizeram a minha infância mais feliz. As que mais me adocicavam o paladar eram as de sabor a laranja. E havia uma explicação muito lógica. Como todos sabemos, estas potentes pastilhas são tão características que só dão sabor durante 7 minutos e 35 segundos. Por isso são tão difíceis de igualar no mercado. Por esta razão, a minha predilecta era a de laranja, que por ter um sabor tão intenso dava a sensação ao imberbe mastigador de mastigar durante mais tempo. Pura ilusão “paladareal”.

No meu tempo uma simples pastilha custava a módica quantia de 2 escudos numa loja refundida nos confins da minha zona.
Quem não adorava comprar 5 pastilhas e ao fim de 39 minutos tê-las todas na boca e fazer um balão descomunal. E dizer aos amigos: “traz-me uma gorila, de menta”, velhos tempos. Os tempos em que a palavra menta era sinonimo de estilo.

Agora as infâncias estão perdidas para sempre. Facilmente se compra uma pastilha com “molho” e já vem o balão feito em estado líquido. Tipo “fast-food”.

Durante longos anos coleccionei os fabulosos cromos. Quer para ganhar uma bola ou relógio, quer pelo simples prazer de os ter. Nunca ganhei nada, mas no fundo sabia que não pretendia ganhar.
Ganhei tal simpatia pela marca que ainda agora continuam a ser as minhas preferidas.

Hoje, depois de abrir a minha gorila, senti-me estupefacto. Tal não era a surpresa. Por momentos imaginei que as gorila acompanharam o meu crescimento. O cromo de hoje era o numero 5 e intitulava-se “cabra selvagem”.
Trouxe provas, não é mentira.
O que nos ensinam estas pastilhas…
Existem por todo o mundo, incluído Portugal. Os caçadores andam atrás delas como se não houvesse amanha, levando-as quase à extinção.

Deixo um apelo:
Senhores caçadores, por favor deixem algumas cabras para os mais novos, o mundo não é só vosso. Sei que a culpa também é dos camionistas e afins, mas por favor contenham-se. Se tiverem de caçar, cacem cabra doméstica. Sai mais em conta e não têm sobressaltos. Nos os mais novos também queremos experimentar a vida selvagem. O que será dos nosso bisnetos?

Viva a gorila e as cabras.