quinta-feira, novembro 04, 2004

O edgar das cruzes!

Acordo e tenho que correr!
Acordo sobressaltado no meio de um viaduto automóvel. Corro apressadamente para a berma da estrada. Não sei onde estou, o que faço aqui.
Doem-me as costas, tenho a camisola cheia de sangue. Após 30 segundos de grande stress começo a voltar a mim. Sei que nunca estive neste local.
Tenho um grande volume em cima das costas. Está colado a mim, não sai. Mas mesmo assim consigo andar e em momentos de grande aflição também consigo correr.
Tenho que procurar um hospital. Alguém que pare por favor!
Param vários carros, mas porque se despistaram em cadeia. Os que sobrevivem correm que nem desalmados.

Procuro um carro, vejo o que carrego.
Uma cruz!
Carrego uma cruz.
De madeira, com metade do meu tamanho. Muito pesada e muito desagradável.
Espetaram-me uma cruz nas costas, literalmente. Começo a sentir as dores extremamente agudas. Parece que vai passar o efeito das anestesias. Vejo tudo escuro e perco os sentidos… outra vez!

Volto a mim e vejo uma pequena nota na almofada da minha cama:
“A próxima pessoa que entrar tem duas pernas…
Aqui vai!
Entrou uma rapariga loira, com uma camisola azul e, tal como tinha previsto duas pernas. Agora sentou-se e não a consigo ver. Mas recorrendo à minha memória, posso dizer que ela entrou a sorrir. E era engraçada. Por isso é que se estava a rir. As pessoas engraçadas riem-se mais do que as outras porque têm motivos para isso. Sobretudo quando estão sozinhas.
A uma pessoa engraçada apenas é necessário pensar para ficar com um dia mais alegre.
Dando como exemplo um palhaço, aposto que os palhaços vivem mais felizes do que os não palhaços. Mas têm uma felicidade incompleta. Isto porque só sabem ser palhaços.
Eu, no meu circo, faço de tudo. Tem de ser…
Quando tenho de animar o público, pinto a cara, ponho uma bola vermelha no nariz e transformo-me em palhaço. Quando tenho de distrair o público, pego em cinco bolas e faço de malabarista. Quando tenho de enfrentar as feras, visto um fato com brilhantes, pego no chicote e tento domá-los. Quando tenho a ideia que o público está com fome vou para dentro da roulotte fazer algodão doce. Quando tenho…
Faço de tudo no meu circo, mas a minha função favorita é a de porteiro. Aí tenho sempre o controlo sobre quem deve merecer entrar.

Por hoje fico por aqui, sendo certo que voltarei (só não sei quantas vezes mais…)

Atenciosamente,
Com 1xis e 2h´s"

1 comentário:

xp disse...

Gostei deste texto, da maneira como conseguiste fazer a ligação. Surpreendeste-me.

Visitas aqui ao cú mulo da parvoíce a partir de 11/09/2007 porque perdi o outro antigo

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