É de noite.

É de noite. Está frio. Não estou agasalhado. Se soubesse tinha trazido um casaco. Estou na rua. Está tudo muito escuro. Não consigo ver nada. Tenho os olhos abertos. Só vejo escuro à minha volta. O frio é cada vez mais. Não sei o que fazer. Começo a correr. Sem direcção. Sem rumo. Corro para aquecer? Não. Corro para mudar de sítio. Para chegar a algum lado. Corro cada vez mais. Não sei para onde vou. Só sei que estou a ir. Entro num edifício. Tropeço. Caio. Já não está tanto frio. O frio já não é problema. Até está calor. Se soubesse não tinha trazido a camisola. Agora o que me incomoda é o ruído. Um ruído irritante. PI…, PI…, PI…, PI…, PI…, PI… Este som perfura os meus ouvidos. Dói cada vez mais. Tapo os ouvidos. O ruído está cada vez mais presente. Já não chega tapar os ouvidos. Grito. Espero gritar mais alto que o ruído. Não me oiço. Levanto-me para sair daqui. Começo a correr. Não vejo para onde vou. Embato em algo. O som muda. Agora é pppiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Não aguento mais. Então acendo a luz. Olho à minha volta. Penso:

Se soubesse o que sei hoje, não tinha entrado na sala de cuidados intensivos.


Por hoje fico por aqui, sendo certo que voltarei... (não sei é quantas mais vezes...)

Atenciosamente,

Com 1Xis e 2H’s