Compaixão

Quando um beijo é trocado, não é trocado apenas por trocar. Prazeres mil espelham-se num rosto beijado. Nada deveria ser preciso para se sentirem dois lábios tocarem a nossa testa, a nossa face, como sinal de respeito, amizade. Não existe maior espectáculo como o apocalipse interno causado por um beijo em quem sente tamanha necessidade. São as veias que dançam, pelo acelerar dos batimentos do fulcral coração. São o acentuar das rugas provocadas pelo constante e intenso sorriso de quem é beijado. Por vezes, quando o beijo é enormemente desejado e esperado ansiosamente pela primeira vez daquela parte, sentimos os cabelos dos braços enriçarem-se e apertamos o dedo maior dos pés para tentar não levitar.
Os beijos deveriam ser dados a quem os mais desejam e não a quem mais os tem, porque quem os deseja raramente os sente e quem os tem torna-os banais…