Por vezes dou por mim a pensar:
“Porque razão continuo a ter corpos no sótão?”
Depois acordo do pensamento e vejo que nunca tive corpos no sótão.
Está frio lá fora, que bem sabe estar à lareira a ler um bom livro.
“ E se as vizinhas algum dia suspeitarem?”
Como sempre, antes de me deitar bebo um copo de leite e rezo pelos que por mim olham.
Adormeço e volto à realidade. Tenho que acabar de os pendurar e encontrar um bom sitio para os abrir. Dois chegam para dois meses de refeições alternativas. Primeiro tiro-lhes as tripas e depois a carne. Há partes que são melhores salgadas.
Mas porque razão hei-de ter dois porcos no sótão? Sai tão ou mais barato comprar à medida que se vai comendo. Já não se usa matar os porcos em casa, as tradições já não são o que eram antigamente. Mas apesar de tudo há muita gente que se apega ao passado.
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